Diário de Bordo
Ilhabela – Salvador
São Paulo – Rio de Janeiro – Espírito Santo – Bahia.
Antes de começar esse diário de bordo, gostaria de agradecer a Empresa Bela Boas - Gabriel, a Elétrica Náutica de Floripa, e a Sra. Lilia da Brancante Seguros.
O Gabriel da Bela Boats, foi responsável pela reestruturação da nova targa, fiquem portanto sabendo que temos uma grande empresa trabalhando com inox em Ilhabela, anotem os fones: (12) 3896-5988 e (12) 9137-0909 – e-mail belaboats@yahoo.com .br
O Paulo Cesar da Elétrica Náutica, mandou para Ilhabela o Ricardo, seu braço direito, para refazer toda a parte elétrica da targa, que originalmente foi feita por ele - (48) 8803-4243 e-mail eletricanautica@eletricanautica.com
E a Sra. Lilia da Brancante Seguros foi fundamental no atendimento e agilização nos procedimentos de vistoria, orçamentos, etc..
Obrigado Gabriel, Ricardo e Cesar!!!!
Estabelecida a ordem a bordo, saímos de Ilhabela, agora de targa nova às 11h30min de domingo dia 15.
Tínhamos uma previsão de que a frente fria pudesse chegar até Recife ou Salvador, mas na chegada, soubemos que ela chegou a Fortaleza e Noronha. A história vem a seguir.
Deixando a Ponta das Canas em Ilhabela logo avistamos vários pequenos navios de pesquisa e barcos de pesca ancorados a espera da passagem da frente fria. Olhei para o Zé e comentei, “se esses caras estão aqui, é porque a coisa ta feia lá fora”!!!
Botamos a cara pra bater e nos deparamos com um vento sul que entrava pelo través com ventos com rajadas de até 28 nós e ondas de até 3,5 metros. Andávamos já no través da Ilha de Búzios a 10 nós, chegando a 11 nas descidas de onda, e como o Moleque e seu Piloto Nosthstar Explorer AP 380 se comportava muito bem, resolvemos tocar!!! Nesse dia conseguimos fazer somente uma comidinha rápida!! Aquelas da Knor!!!
Primeira noite de muita vigília, afinal passamos por Sepetiba e Rio de Janeiro, portos com grande movimento, e amanhecemos a 10 milhas de Cabo Frio com ventos ainda nos 20 nós. Falando em movimento de navios, dia desses levando o Zeus, do Comodoro do ICSC, Inácio Vandresem, de Ilhabela para Santos, contei 68 navios ancorados nas proximidades de Santos.
Montamos o cabo e arribamos!! Nosso novo way point era o temido Cabo São Tomé! De cara pegamos o primeiro pirajá com ventos de até 30 nós, e um grande calmaria após sua passagem!! Aproveitamos para colocar a linha n’água e como já era meio dia, começamos a preparar o almoço, no cardápio frango de forno com legumes.
Acabado o almoço, bem na hora do descanso da tarde, peixe na linha!!! Daí começa toda aquele trabalho: tira-se as velas para diminuir a velocidade e começa o trabalho de puxar o peixe para bordo. Era um atum de uns 2 kilos! Linha n’água novamente e mal levantamos as velas, outro atum!!! Voltamos a velejar, e o vento veio de través novamente até o cabo S. Tomé. Montamos o cabo 22 h e arribamos com rumo a Abrolhos a 270 milhas, com as de pombo e vento de 20 nós.
Estava nos nossos planos parar em Vitória, mas o vento lá pelas 10hs virou de través novamente, entramos em contato com Vitória rádio que nos deu uma previsão de ventos força 4/5 e ondas de 2 a 3 metros, decidimos seguir até Salvador!!
No cardápio, nem precisa dizer!!! Sashimi de entrada, Atum de forno, salada completa e arroz branco! Já no través de Rio Doce o mar deve ter passado dos 3 metros e vento foi para 28/30 nós.
Como a noite não conseguimos enxergar os pirajás que levam o vento de 20 a 30 nós numa rajada, causando as vezes algumas surpesas desagradaveis, resolvemos dar a 2ª forra de rizo para passar a noite. Amanhecemos no través de Abrolhos com o vento ainda nos 25/28 nós e mar muito grande!
Devido a grande quantidade de baleias na região – de Cabo São Tomé até Abrolhos devemos ter avistado umas 40 baleias - e como poderíamos passar no arquipélago de Abrolhos durante a noite resolvemos deixá-lo a sotavento, passando umas 5 milhas por fora.
Quarta feira, toda de ventos de sudeste agora de 22 a 25 nós, com rajadas que chegavam aos 28 e proa em Salvador, à 300 milhas. Nesse dia encontramos no rádio o Veleiro Bolero do Capitão Gogoy, que também fazia o trajeto Rio – Salvador, há 19 milhas na nossa proa.
A quarta noite com mar mais baixo, mas ainda muitos pirajás, estendendo por toda a quinta ferira. Chegamos a Salvador com vento pelo través de 18 nós as 03hs e tiramos as velas embaixo do Farol da Barra!!
Me chamou atenção o comportamento do Piloto Nosthstar Explorer AP 380, é que além de não ter pego no leme nenhuma vez nas 900 milhas navegadas, e nas situações de “stress”, com muito vento e muito mar, seu comportamento foi excelente! Notem que a cada Cabo que montávamos, o vento ia virando de través, uma característica das frentes frias que vêem até o nordeste, tornando a velejada mais confortável!
Agora é descansar e na segunda-feira começar umas revisões no Moleque Anasol. Nada de mais, mas depois de 900 milhas de velejada sempre é bom dar uma olhada nas coisas
Aquele abraço galera
Marcelo Gusmão
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